ENERGIA SOLAR VERSUS DESCARGAS ELÉTRICAS
Moramos em um país que é campeão mundial em incidência de descargas elétricas. Como, então, não haver preocupação com a segurança das instalações e principalmente das pessoas que estão próximas de um sistema solar fotovoltaico?
Neste artigo vamos tratar de descargas elétricas em instalações de energia solar fotovoltaicas e suas consequências.
A preocupação com descargas elétricas (os raios) em sistemas fotovoltaicos é natural e frequente porque os sistemas lidam com energia elétrica e porque ficam expostos a ação direta do tempo.
Por estarem em lugares altos ou em áreas abertas (principalmente quando instalados em solo), as pessoas logo associam esses sistemas a ideia de que os mesmos se tornam verdadeiros para-raios.
Mas em uma instalação bem feita, os sistemas fotovoltaicos contam com elementos de segurança que objetivam garantir sua integridade. São os chamados DPS – Dispositivos de Proteção contra Surtos.
Caso uma placa solar seja atingida por uma descarga elétrica vinda da atmosfera, os efeitos possíveis variam desde a redução drástica de durabilidade até danos irreparáveis.
Durante o projeto, é importante saber que quanto maior a extensão dos painéis fotovoltaicos, maior também será o risco de uma descarga sobre eles, pois esta possibilidade sempre existe. Ao se optar por um sistema fotovoltaico em casa ou nas empresas é preciso considerar uma série de medidas para garantir a segurança da instalação.
Além disso, essas descargas podem ser causadas diretamente por raios ou indiretamente por sobretensões no sistema.
Dependendo da distância em que “cai”, a intensidade do raio no momento em que atinge o chão ou alguma estrutura é capaz de induzir uma corrente pelo solo ou mesmo pela linha elétrica, podendo ocasionar danos não só a equipamentos mais sensíveis, como também às pessoas.
Para proteger estas instalações de forma abrangente e duradoura, o ponto inicial é fazer a montagem correta e indispensável dos dispositivos de segurança. Isso inclui um eficiente sistema de aterramento e, se necessário, a instalação de para-raios.
A função básica de um para-raios é conduzir, de forma a mais segura possível, a descarga elétrica até a terra, evitando impactos diretos dos raios nas placas solares e demais equipamentos. Seu funcionamento consiste em criar um caminho preferencial para a passagem da descarga “atraindo” o raio, de forma a proteger sua residência ou local de interesse. Assim, o para-raios consegue direcionar a corrente excessiva por um caminho seguro até o chão.
De olho não só no desempenho do sistema, mas na segurança das instalações, o interessado em obter um sistema fotovoltaico deve consultar um projetista, que irá indicar as melhores condições para a sua instalação. Se o local já possuir um Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA) eficiente, basta integrar o sistema fotovoltaico a ele. Caso contrário, um estudo, o dimensionamento e as ações necessárias para que o projeto se adeque aos requisitos de proteção estabelecidos em norma deverão ser executados.
Como já citado anteriormente, é preciso instalar, além do para-raios, um componente conhecido como Dispositivo de Proteção contra Surto (DPS), que detecta as sobretensões desviando o surto elétrico para o sistema de aterramento. O sistema de aterramento é obrigatório, Já o para-raios não. O DPS deve ser instalado próximo dos módulos fotovoltaicos e das entradas do inversor solar e costuma ficar abrigado na chamada String Box, pequeno quadro de proteção que abriga além do DPS, os fusíveis.
Mas, quais são as probabilidades de um raio atingir meu sistema?
Segundo o Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Brasil é líder mundial em incidência de descargas elétricas.
Mas não precisa entrar em pânico, pois a chance de um raio atingir o seu sistema é de uma em vinte e cinco mil.
As maiores ocorrências e danos são observadas em sistemas off-grid, pois estes sistemas não são ligados a rede elétrica e são normalmente instalados em lugares remotos, em áreas abertas, sem nenhuma proteção adequada. Esses sistemas precisam de maior atenção caso as instalações sejam feitas em lugares longe da proteção dos para-raios que existem dentro das cidades.
Quanto ao risco humano, não existe registro algum de morte ou danos físicos causados por raios elétricos devidos a instalações de sistemas solares fotovoltaicos.
Apesar de parecer alto o custo inicial, saiba que só a garantia de um sistema fotovoltaicos tem 25 anos, sem falar da vida útil, que vai muito além disso – o que acaba compensando na economia que se faz durante esse período. O sistema de proteção contra descargas atmosféricas é fundamental para proteger o investimento dos consumidores de energia solar, pois, caso seja constatada sua ausência, os equipamentos do sistema danificados pela descarga do raio, seja o inversor ou os módulos, perderão a garantia.
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